Acre
Operação do ICMBio com o apoio da Polícia Federal combate pecuária de corte na Resex Chico Mendes
Agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Polícia Federal deflagraram a Operação Boi Fantasma dentro da reserva. Rede Amazônica acompanhou o trabalho com exclusividade nessa quarta-feira (16)

Na Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes em Rio Branco, uma das propriedades tem cerca de 150 cabeças de gado. Foto: cedida
Com G1 – Eldérico Silva/Marcus José
Por conta do aumento no desmatamento na Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, em Rio Branco, agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) deflagraram nessa quarta-feira (16), com o apoio da Polícia Federal (PF-AC), a Operação “Boi Fantasma”. A repostagem acompanhou com exclusividade a ação que tem como objetivo o combate a pecuária de corte irregular na reserva.
Os agentes detectaram inconsistências na declaração de rebanhos bovinos por imóveis rurais da unidade de conservação no Sistema de Defesa Agropecuária e Florestal (Sisdaf), que regula a criação de gado.
A suspeita é que pecuaristas alteram os dados para lavar o gado de corte em outros imóveis, tornando a comercialização supostamente legal no papel — um crime de falsidade ideológica.
O esquema envolveria ainda os frigoríficos. Isso porque fica mais difícil rastrear esse gado e garantir a qualidade da carne. O Acre é reconhecido internacionalmente como área livre de febre aftosa sem vacinação.
No sobrevoou, a reserva extrativista do alto, os agentes do ICMBio identificaram alvos da operação, que são as áreas embargadas para criação de gado ou com outras irregularidades. A principal causa do desmatamento é o corte raso da floresta para conversão em pastagem para o gado.

Operação busca coibir criação de gado em reserva extrativista. Foto: Eldérico Silva/Rede Amazônica
Visão geral das áreas notificadas
Na Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes em Rio Branco, uma das propriedades tem cerca de 150 cabeças de gado — além do permitido para uma unidade de conservação de uso sustentável. Os animais são criados em uma área embargada desde o ano ado pelo ICMBio. A Resex abrange os municípios de Assis Brasil, Brasiléia, Capixaba, Xapuri, Sena Madureira e Rio Branco.
Em outra propriedade, o dono alega que parte do gado é do pai dele e mesmo após a notificação dos agentes federais, afirmou que não deve regularizar a situação porque outros donos de terras na região também fazem essa prática. Porém se ele não cercar a área embargada e deixar de criar gado nela, será autuado.
A ação visa combater:
- Desmatamento ilegal para formação de pastagens
- Fraude no sistema pecuário (Sisdaf)
- Lavagem de gado através de propriedades fantasmas
Como funcionava o esquema:
- Pecuaristas declaravam rebanhos inexistentes ou inflados
- Gado criado ilegalmente em áreas protegidas era “legalizado” em papel
- Frigoríficos compravam carne sem comprovação de origem
Riscos identificados:
- Ambiental: Desmatamento de áreas protegidas
- Econômico: Ameaça ao status de área livre de febre aftosa sem vacinação
- Sanitário: Dificuldade de rastrear carne contaminada

No sobrevoou, a reserva extrativista do alto, os agentes do ICMBio identificaram alvos da operação, que são as áreas embargadas para criação de gado ou com outras irregularidades. Foto: cedida
Dados alarmantes:
Durante sobrevoo, agentes constataram:
- Áreas embargadas sendo usadas como pasto
- Corte raso da floresta para expansão pecuária
- Inconsistências entre dados oficiais e realidade local
Próximos os:
- Autuação dos responsáveis por crimes ambientais e falsidade ideológica
- Investigação sobre possível envolvimento de frigoríficos
- Reforço na fiscalização do Sisdaf
Impacto internacional:
O caso preocupa pois o Acre possui reconhecimento como:
- Zona livre de febre aftosa sem vacinação (OMS)
- Área prioritária para conservação da biodiversidade

Os agentes detectaram inconsistências na declaração de rebanhos bovinos por imóveis rurais da unidade de conservação no Sistema de Defesa Agropecuária e Florestal (Sisdaf). Foto: cedida
A coordenadora de proteção do ICMBio, Gabryelly Oliveira, disse que segundo informações, há mais de mil cabeças de gado em um local alvo da operação.
“A área de uso em tese dessa área é 60 hectares. Segundo informações que a gente tem devido uma parceria do IDAF – Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal, a gente consegue verificar essas informações e a declaração de exploração de gado, excede a mil cabeças de gado, ou seja, claramente é uma área que não comporta”, assegurou.
Durante a visita em outra área, os agentes verificaram que a Guia de Trânsito Animal (GTA) está ativa e no nome de um homem que já morreu há três anos. O caso será apurado junto com o Idaf.
Em outro caso, o homem que alega ser dono da terra não apresentou documentos que comprovam as atividades desenvolvidas no lugar. Ele foi notificado e tem dez dias para apresentar a documentação ao ICMBio.

Durante a visita em outra área, os agentes verificaram que a Guia de Trânsito Animal (GTA) está ativa e no nome de um homem que já morreu há três anos. Foto: cedida
Desmatamento
Tatiane Leite, gerente regional do ICMBio na Amazônia, comentou que a Resex é a unidade de conservação federal mais desmatada. De agosto do ano ado a abril deste ano, o desmatamento aumentou cerca de 60%.
“A gente entende que a maior pressão sofrida atualmente é a pecuária extensiva, a pecuária de corte que não tem autorização para ser realizada no interior dessa unidade”, disse ela.
O extrativista Sérgio Ribeiro vive em uma propriedade na reserva há quase um ano. Ele trocou uma casa pela área que está embargada e explicou que não sabia dessa situação. De acordo com ele, o gado criado no local é para a subsistência. A renda dele vem da floresta.
“Quanto mais você desmatar, você tá acabando com a sua própria vida e dos seus filhos também. Então assim, eu prefiro fazer só pra você se alimentar, tirar daqui para você viver”, afirmou ele.

Rede Amazônica sobrevoou a reserva extrativista junto com a equipe do ICMBio. Foto: Eldérico Silva/Rede Amazônica
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Ministério da Saúde credencia 20 novas equipes e nove polos da Academia da Saúde no Acre
O Ministério da Saúde anunciou nesta quinta-feira, 29, o credenciamento de 20 novas equipes multiprofissionais e 9 polos do Programa Academia da Saúde no Acre, como parte de uma ampla estratégia nacional para ampliar o o e a qualidade dos serviços de atenção primária no Sistema Único de Saúde (SUS).
No total, o Ministério credenciou 3.953 equipes, serviços, programas e incentivos em 1.878 municípios de todo o país, com recursos previstos de R$ 362 milhões para 2025 e R$ 640,4 milhões para 2026. O Acre conta com cinco novas equipes de Saúde da Família, cinco de Atenção Primária, sete de Saúde Bucal e três equipes multiprofissionais (eMulti), que atuarão diretamente no atendimento básico e preventivo à população.
Além disso, o estado recebeu o credenciamento de 2 Unidades Básicas de Saúde Fluvial, embarcações adaptadas para levar atendimento médico às populações ribeirinhas da Amazônia Legal, e 9 polos da Academia da Saúde, programa que oferece práticas corporais, atividades físicas, alimentação saudável, e ações integrativas com profissionais qualificados. O impacto financeiro previsto para o Acre com esses polos é de R$ 7,6 milhões em 2025 e R$ 13,1 milhões em 2026.
O credenciamento inclui equipes de Saúde da Família, Saúde da Família Ribeirinha, Atenção Primária, Saúde Bucal, Atenção Prisional, Consultório na Rua e equipes multiprofissionais, sendo estas últimas a maioria com 1.216 novos grupos em todo o país. No Acre, as equipes credenciadas atuarão principalmente nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), reforçando o atendimento local.
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Pando intensifica combate ao contrabando com ampliação de postos militares na fronteira
Número de postos de controle salta de 10 para 18 no departamento; operações conjuntas já mostram resultados contra o comércio ilegal

O reforço no aparato de fiscalização visa especialmente combater duas modalidades de crime: o contrabando tradicional de produtos estrangeiros e o chamado “contrabando invertido” Foto: captada
O departamento de Pando, na Bolívia, está reforçando sua estratégia de combate ao contrabando com a implantação de oito novos postos militares de controle, elevando de 10 para 18 o total de barreiras fiscais na região. A medida, autorizada pelo Decreto Supremo 5402, foi anunciada pelo comandante do CEO Amazônico, C.N. Daen Clemente Argandoña, como parte de uma ofensiva contra o fluxo ilegal de mercadorias.
As novas estruturas estão sendo operadas em coordenação com órgãos de auditoria e controle, permitindo operações conjuntas em pontos estratégicos da fronteira. “Esta ampliação já está mostrando resultados concretos na neutralização de atividades ilícitas, protegendo tanto a economia local quanto o comércio formal”, destacou Argandoña.

A ação ocorre em um momento sensível para Pando, departamento que enfrenta simultaneamente desafios logísticos e escassez de insumos básicos. Foto: captada
O reforço no aparato de fiscalização visa especialmente combater duas modalidades de crime: o contrabando tradicional de produtos estrangeiros e o chamado “contrabando invertido”, que envolve a saída ilegal de mercadorias bolivianas. As autoridades afirmam que as medidas estão contribuindo para a segurança econômica da região amazônica.

A medida, autorizada pelo Decreto Supremo 5402, foi anunciada pelo comandante do CEO Amazônico, C.N. Daen Clemente Argandoña, como parte de uma ofensiva contra o fluxo ilegal de mercadorias. Foto: captada
A ação ocorre em um momento sensível para Pando, departamento que enfrenta simultaneamente desafios logísticos e escassez de insumos básicos, cenário que historicamente tem favorecido o comércio ilegal na fronteira boliviana.
Veja vídeo com TVU Pando:
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MP apura suposta invasão de área de preservação no Portal da Amazônia, em Rio Branco

Foto: Reprodução
O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por meio da Promotoria Especializada de Defesa do Meio Ambiente da Bacia Hidrográfica do Baixo Acre, instaurou um inquérito civil para investigar a possível ocupação irregular de área de preservação permanente (APP) no bairro Portal da Amazônia, em Rio Branco. O documento foi publicado na edição do Diário Eletrônico nesta quinta-feira, 29.
A apuração teve início a partir de uma denúncia registrada na Notícia de Fato nº 01.2024.00003151-7. A investigação indica que três imóveis localizados na Rua José Andrade Lemos estariam invadindo ou causando impacto ambiental em uma área verde protegida por lei.
De acordo com vistoria técnica realizada pelo Núcleo de Apoio Técnico (NAT) do próprio MPAC, dois dos imóveis analisados têm parte significativa de seus terrenos inseridos na APP, correspondendo a aproximadamente 7% e 30% de suas áreas totais.
O promotor de Justiça Alekine Lopes dos Santos, responsável pelo caso, destaca que os dados obtidos até o momento evidenciam a necessidade de aprofundamento nas investigações. O objetivo é verificar a extensão da degradação ambiental, a legalidade das ocupações e possíveis responsabilizações civis ou istrativas dos envolvidos.
Nova vistoria e divergência técnica
O Ministério Público identificou divergências entre os relatórios técnicos do NAT e informações apresentadas pela Secretaria Municipal de Infraestrutura, especialmente quanto à delimitação exata da área de preservação permanente.
Diante disso, o MP expediu ofício à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia), solicitando uma nova fiscalização in loco. A secretaria tem o prazo de 15 dias para:
Verificar a real extensão da APP em todo o loteamento;
Identificar eventuais ocupações irregulares ou danos ambientais;
Elaborar relatório técnico com registros fotográficos e delimitação cartográfica da área afetada.
Os documentos e laudos já reunidos pela Promotoria serão encaminhados à equipe técnica da Semeia para subsidiar os trabalhos.
Publicação e tramitação
A portaria de instauração do inquérito foi publicada no Diário Oficial Eletrônico do MPAC, conforme determina a Resolução nº 28/2012. A servidora Vanilda da Silva Bezerra Arruda foi designada para secretariar o procedimento, podendo ser substituída por outros servidores da Promotoria em sua ausência.
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