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Dólar fecha a R$ 5,66, após bater em R$ 5,70, com novas críticas de Lula ao BC

Dólar
O valor é o maior de fechamento desde 10 de janeiro de 2022. A moeda americana já acumula valorização de 16,8% neste ano
Após bater em R$ 5,70 no início da tarde, o dólar recuou e fechou cotado a R$ 5,6648 na venda, alta de 0,20%, nesta terça-feira (2). O valor é o maior de fechamento desde 10 de janeiro de 2022. A moeda americana já acumula valorização de 16,8% neste ano.
Ao contrário, no exterior, a moeda teve desvalorização, com sinais do presidente do Federal Reserve (banco central americano), Jerome Powell, de que os Estados Unidos estão caminhando para a desinflação.
No Brasil, novas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central e promessa de que o governo discutirá medidas para o câmbio tiveram reação negativa no mercado.
Em entrevista na manhã desta terça, o petista afirmou que o governo federal pode tomar providências em relação à especulação financeira que tem fomentado a alta da moeda americana contra o real. Além disso, o chefe do Executivo voltou a dizer que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem viés político.
Já o Ibovespa fechou com leve elevação nesta terça-feira, com o avanço nos pregões em Wall Street e queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, enquanto preocupações com as políticas fiscal e monetária no Brasil voltaram a minar o sentimento dos agentes financeiros.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro encerrou em alta de 0,26%, a 125.038,15 pontos, após chegar a 125.490,73 pontos no melhor momento e a 124.310,24 pontos na mínima do dia. O desempenho também foi ajudado pelo avanço de exportadoras.
Repercussão
Pela manhã, ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que não há nada que o governo planeje fazer no sentido de conter o dólar além de “acertar a comunicação” sobre a autonomia do Banco Central e a “rigidez” do arcabouço fiscal.
As declarações do ministro vieram após questionamento sobre eventual ação do governo, como alteração no IOF cobrado em operações de câmbio.
As máximas do dólar no início da tarde coincidiram com declarações da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. No X (antigo Twitter), Gleisi disse que o “bolsonaristas Campos Neto” estaria aplaudindo um suposto ataque especulativo ao real “que ele mesmo desencadeou” ao falar de questões fiscais.
“Mais um dia de ataque especulativo ao real e o BC segue de braços cruzados, sem fazer as operações de compra e swap necessárias nesse momento. Irresponsáveis!, escreveu Gleisi.
Em em fórum realizado pelo Banco Central Europeu (BCE), Campos Neto disse, pela manhã, que a decisão do Comitê de Política Monetária de interromper o ciclo de queda da Selic foi motivada mais por ruídos do que por fundamentos econômicos. Ele citou incertezas relacionadas à sucessão no Banco Central, que mexe com as expectativas para a política monetária, e o risco fiscal.
Efeito do dólar
A escalada da moeda americana é explicada por fatores internos e externos, segundo economistas.
“A disparada do dólar hoje pode ser atribuída a várias razões. Internamente, as críticas do presidente Lula ao Banco Central, sobre especialmente a política de juros, aumentaram a incerteza no mercado. Isso, junto com preocupações fiscais, como déficits nas contas públicas e o aumento das projeções de inflação, pressiona a moeda”, explica professor de economia Hugo Garbe, da Universidade Mackenzie.
Já o efeito externo, segundo Garbe, a alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA e a valorização global do dólar também contribuem para essa elevação.
Para Bruno Imaizumi, consultor econômico da LCA, uma conjunção de fatores explica a escalada da moeda. “As falas do presidente Lula atrapalham, a gente teve uma perda de credibilidade do Banco Central recentemente que continua ecoando, o mercado está um pouco mais receoso em relação ao rumo da política fiscal e monetária brasileira”, afirma o economista.
Mas ele destaca também eventos que estão acontecendo no mundo. “Este ano é de muitas eleições. A gente está vendo na Europa, principalmente na França, com possível guinada para a extrema direita. O mundo um pouco mais receoso com essas questões geopolíticas que estão mudando. A economia norte-americana com eleições para acontecer neste ano. Quando tem mais tensão no mundo, a gente acaba observando procura por moedas mais seguras”, avalia.
Imaizumi afirma ainda que não só o real está se desvalorizando, como também as moedas de países emergentes. “Se a gente for olhar nos últimos meses, as economias emergentes, principalmente as latino-americanas, têm sofrido com a alta do dólar, com a desvalorização de suas moedas”, acrescenta.
*Com Estadão Conteúdo
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Acre revela divisão de gênero nas religiões: mulheres dominam evangélicos e homens lideram entre católicos
Censo 2022 mostra padrões distintos de filiação religiosa por sexo no estado, com mulheres à frente no evangelicalismo e homens sem religião

Outro dado interessante é que o número de homens que declararam ao Censo não terem religião supera o de mulheres. São 43.665 homens contra 32.953 mulheres. Foto; arquivo
Os dados do Censo Demográfico 2022 revelaram uma curiosa distribuição de gênero nas filiações religiosas do Acre, divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (6). Enquanto os homens são maioria na Igreja Católica (137.790 homens vs 128.538 mulheres), as mulheres predominam no segmento evangélico (162.224 mulheres vs 141.375 homens) – o maior contraste entre os estados brasileiros.
Panorama religioso por gênero no Acre:
Evangélicos: 53,4% mulheres (162.224) vs 46,6% homens (141.375)
Católicos: 51,3% homens (137.790) vs 48,7% mulheres (128.538)
Sem religião: 57% homens (43.665) vs 43% mulheres (32.953)
Espíritas: 54,6% mulheres (2.067) vs 45,4% homens (1.723)
Matriz africana: 52,9% mulheres (861) vs 47,1% homens (765)
Tradições indígenas: 53,7% homens (1.712) vs 46,3% mulheres (1.476)
Os números revelam padrões distintos: enquanto as mulheres acreanas são maioria nas religiões cristãs não-católicas e espiritualistas, os homens predominam entre os sem religião e nas tradições indígenas. Essas disparidades refletem tendências culturais profundas no estado que lidera o evangelicalismo nacional, oferecendo um retrato detalhado da dinâmica religiosa e de gênero na região Norte.
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Acre se destaca como o estado mais evangélico do Brasil, segundo Censo 2022
Dados revelam que apenas 38,9% dos acreanos se declaram católicos, enquanto 44,4% são evangélicos – maior percentual nacional

O Acre registrou um dos percentuais mais baixos do país, com 38,9% da população com 10 anos ou mais de idade se declarando católica. Foto: internet
O Censo Demográfico de 2022 revelou uma transformação significativa no mapa religioso do Brasil, com o Acre emergindo como um caso emblemático dessa reconfiguração. Os números divulgados pelo IBGE mostram que o estado possui a maior proporção de evangélicos do país (44,4%) e uma das menores taxas de católicos (38,9%), configurando um perfil único no cenário nacional.
Principais destaques do Censo no Acre:
▸ Liderança nacional em população evangélica (44,4%)
▸ Um dos menores percentuais de católicos do país (38,9%) – mesmo índice do RJ
▸ Posição oposta ao Piauí, estado com maior número de católicos (77,4%)
▸ Reflexo de uma mudança religiosa acelerada na região Norte
A análise do Censo 2022 sublinha a diversidade religiosa no Brasil, com cada estado apresentando suas particularidades. Enquanto o Piauí se mantém como o estado com maior proporção de católicos (77,4%), e Roraima se destaca pela maior proporção de pessoas sem religião (16,9%), de outras religiosidades (7,8%) e de adeptos de tradições indígenas (1,7%), o Rio de Janeiro continua com a maior proporção de espíritas (3,5%) e o Rio Grande do Sul com o maior número de praticantes de Umbanda e Candomblé (3,2%).
Os números do Acre, em particular, indicam uma tendência de crescimento da população evangélica no estado, solidificando sua posição como um polo de destaque nesse novo cenário religioso brasileiro.
Enquanto Roraima se destaca pelo maior número de sem religião (16,9%) e o Rio de Janeiro pela maior proporção de espíritas (3,5%), o Acre consolida sua posição como polo do crescimento evangélico no Norte do país. Os dados revelam não apenas uma mudança estatística, mas uma profunda transformação cultural em curso no estado.
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Teste do pezinho salva vidas e está disponível de forma gratuita em toda a rede pública do Acre
Por meio do exame são diagnosticadas doenças genéticas (fenilcetonúria, fibrose cística); doenças metabólicas (deficiência de biotinidade, galactosemia); doenças hematológicas (doença falciforme), doenças infecciosas (toxoplasmose congênita), entre outras.

Data foi instituída pelo Programa Nacional de Triagem Neonatal em 2001. Foto: Luan Martins/Sesacre
Visando destacar a importância do exame de triagem neonatal, que detecta precocemente um grupo de doenças congênitas e hereditárias, o Dia Nacional do Teste do Pezinho é celebrado no dia 6 de junho.
O teste do pezinho é um exame obrigatório para todos os recém-nascidos e gratuito em todo o Sistema Único de Saúde (SUS). Instituído por meio do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) em 6 de junho de 2001, é considerado um programa de importância nacional e de sucesso no SUS por contemplar os princípios e diretrizes fundamentais do sistema.
“Este é um programa de grande abrangência de cobertura dos nascidos vivos brasileiros na rede pública, e tem a Atenção Básica como porta de entrada preferencial no sistema de saúde, garantindo que as pessoas com distúrbios e doenças detectadas sejam acompanhadas por equipes multidisciplinares em serviços especializados, visando a sua saúde integral, redução da morbimortalidade e melhoria da qualidade de vida”, explica a responsável pelo Núcleo de Saúde da Criança, Janahina Monteiro.
A Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) oferece para todos os municípios postos de coleta cadastrados para a realização do teste. O exame pode ser coletado nas unidades básicas de Saúde dos municípios ou na maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco; no Hospital da Mulher e da Criança do Juruá, em Cruzeiro do Sul; e nos demais hospitais regionais do Acre.
O exame consiste na coleta do sangue do calcanhar do bebê e permite identificação de doenças graves. Por meio do exame são diagnosticadas doenças genéticas (fenilcetonúria, fibrose cística); doenças metabólicas (deficiência de biotinidade, galactosemia); doenças hematológicas (doença falciforme), doenças infecciosas (toxoplasmose congênita), entre outras.
Se o resultado do teste do pezinho estiver alterado, a família e o ponto de coleta são contatados pelo Serviço de Referência em Triagem Neonatal (SRTN) e o bebê é chamado para fazer novos exames, que podem confirmar ou excluir a doença para a qual a triagem foi alterada. A data para a coleta do teste do pezinho é preconizada a partir das 48 horas até o 5º dia de vida do bebê, principalmente por causa do início muito rápido dos sinais e sintomas de algumas doenças.
De acordo com o enfermeiro obstétrico e coordenador da Rede Alyne no Acre – programa do governo federal com o objetivo de reduzir a mortalidade materna no Brasil, Walber Carvalho, oferecer o mesmo cuidado a todos os recém-nascidos é uma prioridade nos hospitais do Acre. “Nas referências estaduais de maternidade, os recém-nascidos internados por longo período podem ter o ao teste do pezinho em setores específicos. Isso garante a universalidade da saúde e o em tempo oportuno a diagnósticos, tratamento e acompanhamentos”, destaca.
“Além disso, também cumprimos os requisitos da lei estadual que obriga todos os estabelecimentos de saúde do Estado a orientar os pais sobre doenças raras não detectáveis pelo teste do pezinho e a informar da existência do teste do pezinho ampliado, que identifica um número maior de doenças”, explica Walber Carvalho.
Para Jailane Barroso Dutra, mãe do recém-nascido Caique, o teste do pezinho ajuda não só aos médicos, mas a família do bebê. “É um exame de extrema importância, porque se o recém-nascido estiver doente vai começar o tratamento o mais rápido possível, evitando riscos desnecessários, principalmente quando eles são prematuros ou já têm a saúde fragilizada”, conclui.
Capacitação de profissionais
Com o objetivo de fortalecer e ampliar a oferta do teste do pezinho, garantindo o atendimento de 100% dos recém-nascidos — conforme a recomendação do Programa Nacional de Triagem Neonatal — a Secretaria de Estado de Saúde, por meio do Núcleo de Saúde da Criança, promoveu no dia 30 de maio uma oficina de capacitação voltada a 80 enfermeiros e técnicos de enfermagem da Atenção Primária da Regional do Baixo Acre. O encontro foi realizado no Theatro Hélio Melo, em Rio Branco, e reuniu profissionais dos 11 municípios da região.

Exame consiste na coleta do sangue do calcanhar do bebê para identificação de doenças. Foto: Luan Martins/Sesacre
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