Acre
Governo do Acre apresenta resultados dos projetos de desenvolvimento sustentável executados com recursos do Programa REM
Em Epitaciolândia, foi visitada a unidade demonstrativa de Gildeon Chavier. O produtor rural relata que, antes do Programa REM, a produção de leite da fazenda ficava entre 30 e 40 litros e o produtor precisava trabalhar fora para complementar a renda familiar

A agenda incluiu reuniões técnicas com órgãos co-executores e visitas aos beneficiários dos projetos Cadeia Produtiva da Bovinocultura, em Porto Acre e Epitaciolândia
A Missão de Monitoramento e Avaliação 2024 ocorreu entre os dias 9 e 13 de julho, com o objetivo de monitorar e avaliar in loco os avanços na implementação do Programa REM Acre – Fase II e pactuar medidas para a melhoria das ações e a continuação do programa. A agenda incluiu reuniões técnicas com órgãos co-executores e visitas aos beneficiários dos projetos Cadeia Produtiva da Bovinocultura, em Porto Acre e Epitaciolândia, e do Subsídio da Borracha, na Comunidade 2 Irmãos, em Xapuri.

Produtor rural Glauber Valhejo recebeu a equipe do Programa REM e colaboradores. Foto: Pedro Devani/Secom
A missão contou com a presença de Franziska Tröeger, primeira-secretária para o Desenvolvimento Sustentável/Florestas da Embaixada do governo alemão; Klaus Köhnlein, gerente de portfólio do Banco KfW; Svenja Bunte, gerente do Programa REM no Department for Energy Security & Net Zero – DESNZ; Louise Hill, gerente do portfólio de financiamento climático (REM e LEAF) pela International Climate Finance Manager – IFC, além de representantes do governo do Acre.
Cadeia Produtiva da Bovinocultura
No subprograma “Pecuária Diversificada Sustentável” o foco é promover o incremento na produtividade e a diversificação da criação de animais, incentivando a recuperação de áreas degradadas e reduzindo a pressão para abertura de novas áreas de pasto.
A degradação do solo, um problema sério enfrentado pela bovinocultura, é combatida por meio de atividades que incluem o diagnóstico da propriedade, a aplicação de insumos e a recuperação dos nutrientes. Esses esforços resultam em pastagens mais produtivas, maior disponibilidade de forragem para o gado, aumento na produção de carne e leite, e uma maior rentabilidade para os produtores.
Foram visitadas duas unidades demonstrativas de bovinocultura sustentável que somam-se ao subprograma. Ambas as fazendas são de pecuária leiteira. O primeiro local visitado pertence ao produtor rural Glauber Valhejo. A propriedade localizada na estrada para Porto Acre, recebeu a equipe do Programa REM e colaboradores.
Segundo o produtor, cinco hectares da propriedade estão sendo usados para desenvolver uma pecuária sustentável,que tem gerado o triplo de resultados em relação ao modelo antigo de produção, que consistia em desmatar para ter mais terra para o rebanho: “Conseguimos elaborar esse projeto [Pecuária Diversificada Sustentável], até então só em cinco hectares; esse trabalho já pega essa [área] aqui que a pastagem já está bem melhor, mesmo com a falta de chuva. Eu praticamente reduzi o volume do meu gado para apenas um hectare e tripliquei a produção de leite”.

Kelly Lacerda falou da importância das parcerias para o desenvolvimento de projetos sustentáveis do Acre. Foto: Pedro Devani/ Secom
Na oportunidade, a secretária adjunta de Planejamento, Kelly Lacerda, representando a Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan), esteve presente na fazenda do produtor Vallejo e agradeceu a recepção e a presença das equipes que a acompanharam, destacando a representatividade dos órgãos parceiros. Ela ressaltou a importância da parceria com os doadores internacionais e dedicação do governo do Estado, além de agradecer aos coordenadores do Programa REM e destacar a importância de cada órgão e secretaria parceira do programa.
“Pessoalmente, é muito gratificante ouvir essa história e participar deste projeto. Venho de um contexto rural e sou grata pela assessoria técnica que ajudou minha família. Hoje, estar aqui como gestora é motivo de muita alegria e reconhecimento. Agradeço a cada gestor, cada produtor, cada história transformada por esses projetos que contribuem para um futuro melhor. Em nome da sociedade, do planejamento e desenvolvimento do estado, expresso nosso orgulho por esta parceria e agradeço aos nossos doadores por tornarem isso possível”, afirmou a secretária adjunta.

Produtor rural de uma fazenda leiteira, Gildeon Chavier, também aderiu a uma pecuária sustentável. Foto: Pedro Devani/Secom
Em Epitaciolândia, foi visitada a unidade demonstrativa de Gildeon Chavier. O produtor rural relata que, antes do Programa REM, a produção de leite da fazenda ficava entre 30 e 40 litros e o produtor precisava trabalhar fora para complementar a renda familiar. Quando ele conheceu o projeto e começou a implementá-lo, a produção aumentou para 80 a 90 litros por dia, permitindo que focasse apenas na fazenda. Com o projeto, ele também conseguiu implementar a silagem, essencial para a região onde os projetos começam no inverno, mas sofrem no verão com a seca. Ele já havia tentado recuperar as áreas desmatadas antes, mas sem sucesso devido às condições climáticas.
“Graças ao projeto [Pecuária Diversificada Sustentável], conseguimos dividir e manejar adequadamente nossas áreas, incluindo a reserva, totalizando entre 8 e 10 hectares. Com o apoio dos técnicos da Seagri [Secretaria de Estado de Agricultura], seguimos o manejo correto, o que nos permitiu chegar ao verão com pastagem suficiente. Além disso, plantamos milho e produzimos silagem, garantindo alimentação para o rebanho durante o verão intenso. Mantivemos a produção de leite estável, mesmo reduzindo o número de animais no verão, graças ao planejamento e à alimentação adequada. Antes, a mentalidade era abrir mais áreas para pastagem, mas, com o projeto, aprendemos a manejar melhor o que já temos, alcançando resultados positivos e sustentáveis”, celebrou o produtor.

Visita às unidades demonstrativas destaca o impacto positivo alcançado ao adotar práticas que não só aumentam a produtividade, mas também promovem a sustentabilidade ambiental na região. Foto: Pedro Devani/Secom
No subprograma “Pecuária Diversificada Sustentável”, a visita às unidades demonstrativas destaca o impacto positivo alcançado ao adotar práticas que não só aumentam a produtividade, mas também promovem a sustentabilidade ambiental na região. A cooperação entre produtores locais, governo estadual e parceiros internacionais, por meio do Programa REM, tem sido fundamental para esses avanços. Esse modelo bem-sucedido inspira outras iniciativas, como o programa “Subsídio da Borracha”, onde estão sendo escritas novas histórias de transformação e desenvolvimento sustentável.
Subsídio da Borracha
No subprograma “Territórios de Produção Familiar Sustentável”, o apoio é voltado para o fortalecimento das cadeias produtivas sustentáveis desenvolvidas por povos originários, extrativistas e produtores tradicionais. A atividade de extração da borracha, essencial para a produção de diversos produtos, recebe subsídios que garantem a viabilidade econômica e evitam o abandono da atividade pelos seringueiros.

Subprograma “Territórios de Produção Familiar Sustentável”. O apoio é voltado para o fortalecimento das cadeias produtivas sustentáveis desenvolvidas por povos originários, extrativistas e produtores tradicionais. Foto: Pedro Devani/Secom
Com esse objetivo, a Comitiva da Missão de Monitoramento e Avaliação 2024 do Programa REM – Fase II foi, no último dia da missão, ao município de Xapuri, onde foi guiada por Sebastião Nascimento de Aquino – conhecido por Tião Aquino -, presidente da Cooperativa Agroextrativista de Xapuri (Cooperxapuri), membro do Conselho da Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Estado do Acre (Cooperacre) e residente do Seringal Dois Irmãos, a conhecer os produtos que são resultados do trabalho diário de seringueiros e extrativistas.
Ainda na sede da Cooperacre, Tião Aquino apresentou à equipe de monitoramento os produtos que são viabilizados economicamente por meio dos incentivos do REM, com destaque para os tênis produzidos pela marca Veja, que utiliza na sola dos calçados borracha 100% xapuriense; além desse produto, foram apresentados a castanha, óleos e o mel.

Sebastião Nascimento de Aquino – conhecido por Tião Aquino -, presidente da Cooperxapuri, membro da Cooperacre e residente do Seringal Dois Irmãos. Foto: Pedro Devani/ Secom
Após esse momento, foi visitada a Casa de Chico Mendes, símbolo da luta ambientalista e um dos patrimônios históricos mais importantes do Acre, a casa de número 487, localizada na rua Batista Moraes. Deste local, a equipe seguiu por 60 km, em direção à Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, em específico, para os Sistemas Agroflorestais (SAFs) implantados na Fase I do Programa REM e para a comunidade Seringal Dois Irmãos, onde ocorreu uma reunião com o Comitê de Mulheres do Alto Acre.

Reunião com o Comitê de Mulheres do Alto Acre. Foto: Pedro Devani/Secom
Nesta reunião, foi percebido como o impacto do Programa REM na comunidade foi profundo, abrangendo tanto aspectos sociais quanto econômicos, especialmente no que diz respeito à distribuição de renda.

Missão de Monitoramento visitou “colocações” ou “estrada de seringa”. Foto: Pedro Devani/Secom
Segundo Tião Aquino, iniciativas como a implantação de projetos de piscicultura e florestas plantadas, além do subsídio direto oferecido, têm desempenhado um papel crucial ao proporcionar uma transferência de renda essencial para as famílias da região: “O Programa REM impactou significativamente nossa comunidade, tanto social quanto economicamente. Socialmente, contribuiu diretamente para a distribuição de renda, principalmente com iniciativas de implantação de piscicultura e florestas plantadas, além do subsídio direto que proporciona uma transferência de renda crucial para as famílias”.

Moradores da comunidade Seringal Dois Irmãos juntamente com a equipe de Monitoramento 2024. Foto: Pedro Devani/Secom
Oportunidade única
O Programa REM é fruto de cooperação financeira entre os governos do Acre, da Alemanha, por meio do Ministério Federal de Cooperação e Desenvolvimento Econômico da Alemanha (BMZ), e do Reino Unido, por meio do Departamento de Segurança Energética e Net Zero do Reino Unido (DESNZ) e do KfW, para implementação de projetos voltados à conservação das florestas que, por meio de diversos órgãos, beneficiam milhares de produtores rurais, ribeirinhos, extrativistas e indígenas.

Klaus Köhnlein, gerente de portfólio do Banco KfW, refletiu sobre a missão de monitoramento de 2024 de maneira positiva e reveladora. Foto: Pedro Devani/Secom
Klaus Köhnlein, gerente de portfólio do Banco KfW, refletiu sobre a missão de monitoramento de 2024 de maneira positiva e reveladora. Ele destacou que a experiência foi fundamental para compreender como os recursos estão impactando positivamente a comunidade.
“A conclusão da missão foi bastante reveladora para mim, assim como todas as missões anteriores. Foi uma oportunidade única de entender como os recursos estão impactando positivamente a comunidade. Este programa é complexo e requer uma compreensão profunda da realidade local, indo além dos relatórios escritos no escritório”.
E acrescentou: “É essencial conversar com as pessoas, ouvir suas necessidades e utilizar essas informações para aprimorar o programa, tornando-o mais eficiente e sustentável. Agradeço sinceramente pela oportunidade de ar esses dias junto às equipes do governo e às comunidades locais. Quero expressar meu reconhecimento pelo profissionalismo de todos os envolvidos e espero que nos vejamos novamente no próximo ano, se assim Deus permitir”, afirmou Klaus Köhnlein.

Gerente do portfólio de financiamento climático (REM e LEAF) pela International Climate Finance Manager (IFC), Louise Hill, afirmou que foi muito interessante visitar os projetos apoiados pelo Programa REM. Foto: Pedro Devani/Secom
A gerente do portfólio de financiamento climático (REM e LEAF) pela International Climate Finance Manager (IFC), Louise Hill, afirmou que foi muito interessante visitar os projetos apoiados pelo Programa REM. Ela mencionou que a visita incluiu dois tipos de projetos: o da Pecuária Diversificada Sustentável, onde foi possível observar a experiência dos produtores familiares com a rotação de pastagem e como essa técnica pode ajudá-los a aumentar a produtividade. Bunte destacou que a parte mais interessante foi entender como esses produtores podem usar essa tecnologia para enfrentar períodos de estiagem e seca, sem perdas significativas na produção e sem grande impacto sobre os animais.
“Também foi muito interessante poder conhecer a reserva Chico Mendes, conhecer os extrativistas, entender um pouco mais o trabalho deles e os desafios que eles am. O Programa REM apoia os extrativistas e a Reserva Chico Mendes com diversos projetos. E eu acho que o mais importante para a gente é conseguir ter essa dimensão do impacto dos projetos, do impacto do programa e também poder ver quais são os desafios, para que possamos, juntos, pensar em soluções inovadoras, que possam beneficiar as comunidades que são o público-alvo desse programa”, afirmou Louise

O Programa REM apoia os extrativistas e a Reserva Chico Mendes com diversos projetos
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Acre
Relatório internacional alerta: região MAP (Acre, Madre de Dios e Pando) aqueceu 1,8°C em 34 anos com graves impactos climáticos
Estudo trinacional revela seca extrema no Acre, poluição do ar 7 vezes acima do seguro e previsão de crises ainda piores; desmatamento e emissões são apontados como causas principais

Rio Acre em Assis Brasil está praticamente seco. Foto: Arquivo/Defesa Civil de Assis Brasil
Um alerta divulgado por especialistas do Peru, Brasil e Bolívia chama a atenção para os efeitos das mudanças climáticas na região MAP, composta por Madre de Dios (Peru), Acre (Brasil) e Pando (Bolívia). O documento destaca o aumento de 1,8 °C na temperatura média anual da região nos últimos 34 anos e os impactos associados, como prolongamento da seca, aumento de queimadas e risco para a saúde da população.
Segundo o levantamento, entre outubro de 2024 e março de 2025, o estado do Acre foi um dos mais afetados pela seca na Amazônia, com vários municípios enfrentando entre três e quatro meses de seca severa, extrema ou excepcional. Em março de 2025, todos os municípios acreanos estavam sob condição de seca fraca, segundo o Índice Integrado de Secas (IIS) do Cemaden.
O relatório também aponta que a média de partículas finas (PM2.5) no ar, registradas em cidades da região MAP durante setembro de 2024, ultraou os 100 µg/m³. O valor é muito superior ao limite diário recomendado pela Organização Mundial da Saúde (15 µg/m³). A exposição prolongada a esse tipo de poluição pode reduzir a expectativa de vida da população local.
Entre as causas apontadas para o agravamento do clima estão o desmatamento, a emissão de gases de efeito estufa e as mudanças nos padrões de chuva. Além disso, o relatório prevê que os próximos anos poderão registrar secas ainda mais severas se não forem adotadas medidas eficazes de mitigação.
O estudo documenta:
• Aquecimento acelerado: +1,8°C na temperatura média desde 1990
• Seca histórica: Acre teve municípios com até 4 meses de seca extrema em 2024/2025
• Ar tóxico: Partículas finas (PM2.5) atingiram 100 µg/m³ – 7 vezes acima do limite da OMS
Situação no Acre (dados de março/2025):
Todos os 22 municípios em seca (mesmo que “fraca”)
Período crítico entre outubro/2024 e março/2025
Previsão de secas mais intensas nos próximos anos
Riscos à população:
Redução da expectativa de vida pela poluição
Aumento de doenças respiratórias e cardiovasculares
Escassez hídrica e perdas agrícolas
“Estamos vendo a crise climática se materializar na Amazônia. O Acre foi um dos epicentros desse desequilíbrio em 2024”, alerta o pesquisador brasileiro envolvido no estudo.
Causas e soluções:
O documento aponta como principais responsáveis:
- Desmatamento acelerado
- Emissões de gases do efeito estufa
- Mudanças nos ciclos de chuva
E recomenda ações urgentes de:
Controle do desmatamento
Políticas de adaptação climática
Sistemas de alerta precoces
O documento destaca a importância estratégica de áreas protegidas e terras indígenas da fronteira, como o Parque Nacional Alto Purus (Peru), a Reserva Extrativista Alto Juruá e a Reserva Chico Mendes (Acre), além da Reserva Manuripi (Pando). Essas áreas desempenham papel fundamental na regulação hídrica e na conservação dos ecossistemas.
Como medidas urgentes, os pesquisadores recomendam a atualização de planos de contingência, investimentos em educação climática, fortalecimento de redes de monitoramento ambiental e políticas integradas entre os países da região. O alerta foi assinado por representantes de universidades, centros de pesquisa, órgãos ambientais e organizações civis dos três países.
Com projeções de agravamento nas próximas décadas, o relatório serve como alerta para governos e população sobre os limites da resistência da floresta – e das comunidades que dependem dela.
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Acre
Deputado Tadeu Hassem e DNIT reforçam compromisso com obras na BR-317 durante caravana em Cruzeiro do Sul
Tadeu Hassem e superintendente do DNIT destacam avanços na Rodovia do Pacífico, via estratégica para integração regional; novas etapas de obras devem começar após conclusão de projeto executivo

Hassem elogiou as intervenções já realizadas na BR-317 e agradeceu ao DNIT pela atuação eficaz no trecho que interliga importantes municípios acreanos. Foto: cedida
O deputado estadual Tadeu Hassem e o superintendente regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Ricardo Araújo, percorreram trechos da BR-317 nesta semana para acompanhar o andamento das obras de recuperação da rodovia, considerada vital para o desenvolvimento do Alto Acre.
Durante a caravana, Hassem destacou os avanços já conquistados e reforçou a importância da via para a região:
“Quero registrar meu reconhecimento ao superintendente Ricardo Araújo e a toda a equipe do DNIT pelas obras que vêm transformando a BR-317. Isso representa mais segurança, mobilidade e dignidade para quem vive e trabalha nesta região”, afirmou o parlamentar.
Próximos os:
Projeto executivo em fase final pela prefeitura
Foco em drenagem e melhoria do trecho entre Brasiléia e Assis Brasil
Obras devem avançar após aprovação do documento
Ricardo Araújo, do DNIT, ressaltou o caráter estratégico da rodovia: “Estamos tratando a recuperação e modernização da BR-317 com total responsabilidade. Assim que o projeto for concluído, daremos início às novas etapas”.
Por que a BR-317 é importante?
Conhecida como Rodovia do Pacífico
Liga o Acre ao sul do Peru, facilitando o comércio internacional
Fundamental para a integração regional na tríplice fronteira (Brasil-Peru-Bolívia)
A rodovia é um eixo crucial para o escoamento de produção e o transporte de ageiros, especialmente em municípios como Brasiléia e Assis Brasil, que dependem da via para o a serviços e mercados.
A expectativa é que, com a conclusão das obras, a BR-317 se torne um corredor logístico ainda mais eficiente, impulsionando a economia e a qualidade de vida no extremo oeste brasileiro.
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Acre
Morre Otávio Nogueira, líder sindical e referência da luta pela floresta ao lado de Wilson Pinheiro
Aos 87 anos, Brasiléia perde um de seus maiores defensores dos seringueiros; fundador de sindicato e comunidade rural, ele foi peça-chave na resistência contra o desmatamento nos anos 1980

Um dos Fundadores do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia e idealizador da Comunidade Santa Helena. Otávio dedicou seis décadas à luta pela reforma agrária, meio ambiente e populações tradicionais. Foto; cedida
Faleceu na noite desta sexta-feira (6) o líder sindical e comunitário Otávio Nogueira, aos 87 anos, em Brasiléia, no interior do Acre. Nascido no Nordeste, ele chegou ao estado em 1955 e se tornou uma das vozes mais importantes na defesa da floresta e dos direitos dos trabalhadores rurais.
Fundador do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia e idealizador da Comunidade Santa Helena (km 60 da zona rural), Otávio dedicou seis décadas à luta pela reforma agrária, meio ambiente e populações tradicionais. Nos anos 1980, destacou-se nos históricos “empates” – estratégia de resistência pacífica dos seringueiros -, ao lado de Wilson Pinheiro e Chico Mendes, contra o desmatamento e a grilagem de terras.
Conquistas e legado
Sob sua liderança, a Comunidade Santa Helena se transformou em modelo de organização rural:
Pioneiro na organização sindical rural no Acre
Parceiro de Wilson Pinheiro e Chico Mendes na resistência contra a grilagem de terras e a exploração dos seringueiros
Referência para gerações de trabalhadores e ativistas
Estrutura com escola e posto de saúde
Ramal de o construído
Forte articulação com a Igreja Católica
“Otávio foi essencial para manter famílias na floresta, garantindo seus modos de vida”, afirma o ativista rural Raimundo Mendes, que trabalhou com ele por 20 anos.

A morte de Otávio Nogueira encerra um capítulo importante da história do movimento social na Amazônia, mas seu legado permanece vivo na luta pelos direitos dos povos da floresta. Foto: cedida
O corpo está sendo velado na Casa Mortuária Municipal, neste sábado (7), com homenagens do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia que ajudou a fundar. Deixa sete filhos, trinta netos e vinte bisnetos – muitos seguindo seu caminho na defesa da Amazônia.

Nogueira foi fundador do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia e um dos idealizadores da Comunidade Santa Helena, no km 60 da zona rural. Ao lado de ícones como Wilson Pinheiro e Chico Mendes
A morte de Otávio Nogueira encerra um capítulo importante da história do movimento social na Amazônia acreana, mas seu legado permanece vivo na luta pelos direitos dos povos da floresta.
“Otávio foi essencial para manter famílias na floresta, garantindo seus modos de vida”, afirma o ativista rural Raimundo Mendes, que trabalhou com ele por 20 anos.
Nascido no Nordeste e radicado no Acre desde 1955, ele foi uma das figuras mais atuantes na defesa dos seringueiros, tendo inclusive disputado as eleições municipais como candidato a vereador na década de 1980, em meio ao auge de sua atuação sindical.

Otávio levou sua luta para o campo político, candidatando-se a vereador quando o movimento sindical buscava maior representação institucional. Foto: cedida
Otávio levou sua luta para o campo político, candidatando-se a vereador quando o movimento sindical buscava maior representação institucional. “Sua candidatura representava a voz dos trabalhadores rurais tentando ocupar espaços de poder”, explica o historiador acreano Marcos Vinicius.
O líder sindical e comunitário Otávio Nogueira, figura marcante ao lado de Wilson Pinheiro

Otávio dedicou seis décadas à luta pela reforma agrária, meio ambiente e populações tradicionais. Nos anos 1980, destacou-se nos históricos “empates” – estratégia de resistência pacífica dos seringueiros -, ao lado de Wilson Pinheiro e Chico Mendes
Pouco se sabe sobre a vida do líder seringueiro Wilson Pinheiro como também de Otávio Nogueira e demais companheiros, mas a história de luta inspirou toda uma geração. O amigo por seis décadas à luta pela reforma agrária, meio ambiente e populações tradicionais de Otávio, o companheiro Wilson Pinheiro, foi assassinado em 1980 e é essa história que vamos resgatar a qual Otávio nunca esqueceu e sempre contava.
Wilson Pinheiro foi reconhecido nacionalmente por sua atividade sindical, conseguiu reunir os trabalhadores da floresta através do ideal de que o homem pode conviver pacificamente com a natureza. Se tornou presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasileia e da Comissão Municipal do recém criado Partido dos Trabalhadores.
Em 1979, liderou o ‘‘Mutirão contra a Jagunçada’’, movimento que reuniu centenas de trabalhadores marcharam contra jagunços armados que ameaçavam os posseiros da região amazônica. Os trabalhadores unidos tomaram mais de 20 rifles automáticos dos jagunços e entregaram ao Exército em Rio Branco.
No mesmo ano, Wilson liderou uma comissão de trabalhadores rurais e índios do Acre na busca pelo fim do conflito entre a etnia Apurinã e os assesntados pelo INCRA em território indígena. Assim foi gerado o embrião que, mais tarde, se transformou na ‘‘Aliança dos Povos da Floresta’’.
Um ano após as empreitadas, os fazendeiros da região se uniram para dar cabo ao movimento de resistência dos seringueiros. “No dia 21 de julho de 1980, por volta de 20h30, o presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasileia e presidente da Comissão Municipal do PT nessa cidade, Wilson de Souza Pinheiro, foi assassinado pelas costas, quando se encontrava reunido com outros trabalhadores na sede do sindicato.”, relato da Revista Perseu: Trabalhadores – Os anos 1980.
Companheiros de lutas do líder sindical e comunitário Otávio Nogueira que se foram:
- Wilson de Souza Pinheiro (1931-1980) – assassinado.
- João Eduardo (1943-1981) – assassinado.
- Jesus André Matias (1953-1983) – assassinado.
- Ivair Higino de Almeida (1962-1988) – assassinado.
- Francisco Alves Mendes Filho – “Chico Mendes” (1944-1988) – assassinado.
- Francisco Hélio Pimenta Teófilo (1940-1990).
- Francisco Augusto Vieira Nunes – “Bacurau” (1939-1996).
- José Marques de Souza – “Matias” (1937-1997).

Nos anos 1980, destacou-se nos históricos “empates” – estratégia de resistência pacífica dos seringueiros -, ao lado de Wilson Pinheiro e Chico Mendes, contra o desmatamento e a grilagem de terras. Foto: captada
Em nota, o prefeito de Brasileia, Carlinhos do Pelado e seu vice Amaral do Gelo manifestaram pesar. “Otávio Nogueira foi um ícone da história de Brasileia, companheiro de luta na defesa do meio ambiente ao lado de Wilson Pinheiro e Chico Mendes. Sua memória permanecerá viva entre seus entes queridos e em todos que reconhecem sua imensa contribuição para o município.”
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