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Presidente do Idaf é denunciado por assédio moral e perseguição contra servidores: ‘Grita e pede para respeitar ele’, diz funcionária
Trabalhadores denunciaram Francisco Thum no Ministério Público do Trabalho (MPT) e na Controladoria Geral do Estado (CGE) no início do mês. Presidente nega as acusações.

Francisco Thum é investigado pelo MPT por assédio moral contra os servidores do Idaf — Foto: José Caminha/ Secom
O presidente do Instituto de Defesa Agropecuária do Acre (Idaf), José Francisco Thum, foi denunciado ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Controladoria Geral do Estado (CGE-AC) por assédio moral praticado contra os servidores. As denúncias foram feitas nos órgãos entre 6 e 14 de janeiro deste ano.
Os órgãos confirmaram o recebimento das denúncias e abertura de procedimentos para investigar a situação. O presidente do Idaf contesta as acusações. (Confira detalhes abaixo)
O g1 conversou com quatro servidores que buscaram o órgão para denunciar o presidente e alegam ter sofrido ainda perseguição, coação e ameaças de transferência para unidades do interior caso ele fosse contrariado. Com medo de retaliação, os denunciantes pediram para não ter o nome divulgado.
“Sofri várias vezes assédio moral que me acarretou prejuízos emocionais. Cheguei a me afastar do trabalho entre 2022 e 2023 por problemas de saúde em decorrência do estresse, das cobranças e, principalmente, pela pressão e abuso de poder”, disse um dos denunciantes.
A pessoa fez ainda acusações de corrupção. “Sempre que eram constatadas irregularidades nas indústrias fiscalizadas e aplicadas sanções, ele usava do poder para pressionar a equipe a não realizar as ações necessárias, ameaçando tirar cargos, abrir processos disciplinares, remover e até devolver servidores para a SEAD [Secretaria de Estado de istração]”, acusou.

Presidente do Idaf nega acusações — Foto: Neto Lucena/Secom
‘Estou com a consciência tranquila’
Francisco Thum é natural do Rio Grande do Sul, tem 63 anos e é médico veterinário de carreira. Nomeado em março de 2020 pelo governador Gladson Cameli, o gestor atuava no setor privado com reprodução de animais bovinos até assumir o cargo.
O presidente negou as acusações. “Essa questão de assédio, essas denúncias aí, fui pego de surpresa. O que sempre cobrei foi muito trabalho, serviço de todos, [digo] que a sociedade nos cobra e espera de nós, principalmente os produtores. Infelizmente tem isso. Mas, se alguém está insatisfeito, estou com a consciência tranquila”, afirmou. (Confira o relato completo dele abaixo)
MPT e Controladoria confirmam investigações
O g1 também procurou o MPT, que confirmou, por meio da procuradora do trabalho Marielle Rissanne Guerra Viana, ter recebido quatro denúncias on-linerelatando possível prática de assédio moral no âmbito do Idaf.
Os relatos foram incluídos em um único procedimento e iniciadas as investigações. O órgão afirma que o procedimento ocorre em sigilo. “O andamento dos procedimentos no âmbito do MPT obedece aos regramentos estabelecidos nas Resoluções CSMPT 69/2007 e 222/2024 e Resolução CNMP 23/2007”, destacou a nota.
Já a CGE-AC também confirmou o recebimento das denúncias e a adoção dos procedimentos legais. Por conta do sigilo do processo, a controladoria argumentou que não pode rear mais detalhes.
“Neste momento, estamos realizando a análise prévia que nos cabe, no qual avaliamos todos os elementos relacionados à manifestação. Não podemos fornecer outras informações até a conclusão do processo”, diz.

Servidores do Idaf acusam presidente de assédio moral — Foto: Arquivo/Secom
Servidores pressionados
Ainda segundo as denúncias, diversos servidores, tanto com cargos de chefia e comissionados, já presenciaram ou sofreram algum tipo de assédio por parte do presidente, contudo, temem retaliação caso apresentem alguma reclamação.
“A primeira vez que sofri assédio foi em 2023, em um estacionamento de uma das unidades. Me insultou, costuma usar termos para nos rebaixar, [ele] pergunta quem a gente pensa que é, grita e pede para respeitar ele. Tem uma síndrome de perseguição enorme, qualquer coisa que a gente faça é como se estivéssemos atacando ele”, diz outra das autoras de denúncia.
Ainda segundo a servidora, houve um segundo episódio em que o presidente teria gritado e feito ameaças contra ela. Foi durante uma conversa em uma unidade do interior e a funcionária diz que precisou de afastamento médico para se tratar depois do episódio.
“Costuma dizer que a canetada dele pesa, que tem influência e carta branca no Idaf. Gosta de nos diminuir, na segunda vez fiquei tão abalada que não consegui dizer uma palavra, só conseguia chorar, fiquei calada e ele aos gritos. Já exonerou várias pessoas que são contra a opinião dele. Até aliados dele, já foram assediados”, pontuou.
Outra servidora, que procurou o g1 para denunciar a situação, alega que sofreu retaliação do presidente também em 2023. A funcionária fez uma fiscalização em dois frigoríficos por abaterem animais sem a presença de agentes de inspeção.
Os donos dos estabelecimentos receberam advertências pela irregularidades do Idaf. Contudo, ela recorda que um dos empresários entrou em contato com Francisco Thum para reclamar.
“Foi dada a ordem para rasgar essa advertência. Depois de uns alguns dias, falaram que iam fazer uma portaria dizendo que um colega foi lá fazer a fiscalização, mas não teve. Essa portaria não saiu, tentamos, novamente, entregar a advertência e foi quando ele [presidente] começou a me perseguir”, enfatizou.
Após algumas semanas, a funcionária diz que foi informada pelo superior de que iria responder a um Processo istrativo Disciplinar (PAD) pela autuação no estabelecimento.
“Eu estava certa, fazendo o que era certo e seria punida. Nessa época, tive crises de ansiedade, fiquei afastada por um tempo e não tinha vontade para voltar a trabalhar. Sou uma servidora que gosta de trabalhar, estudei para isso, para ar nesse concurso e era um sonho. Mas, se tornou um pesadelo, vi minha da saúde mental se esvaindo”, lamentou.
Mudança para o interior
O quarto servidor que registrou a denúncia contra o presidente trabalha no setor público há mais de 25 anos. Ele acusa Francisco Thum de perseguição após se recusar a liberar a realização de um evento agropecuário no interior do estado.
Na época, ele se recorda que o organizador não apresentou os exames dos animais que iriam participar do desfile e uma veterinária do instituto proibiu o evento. A decisão foi apoiada pelo servidor, que tinha cargo de chefia naquele momento. O responsável pela organização teria entrado em contato com o presidente Francisco para reclamar.
“Ele me ligou falando grosseiramente, que iria sobrar pra mim, não me ouviu direito. Ele removeu a colega em retaliação ao fato dela não ter permitido o evento. Ficou com raiva de mim por ter apoiado a colega, não ter desautorizado ela. Ficou dias sem falar comigo”, destacou.
Recentemente, o funcionário afirma que foi removido para outra cidade por conta de outras divergências com a presidência do Idaf.
“Já tem profissional lá na unidade para onde querem me mandar. Após a publicação da minha remoção, fez outra portaria que teria que ir para o interior. Pontuei que sou pai solo, que meu filho precisa de acompanhamento com profissionais multidisciplinares na capital, mas mesmo assim, foi encaminhada a documentação para minha remoção. Além da escola tradicional, meu filho preciso de reforço escolar pedido em laudo. É pura perseguição porque não fiz as irregularidades que ele queria”, criticou.
Ao g1, o presidente explicou que foi pego de surpresa sobre as denúncias e disse que sempre procurou ter uma boa relação com os servidores, mas que cobra resultados e um bom trabalho. Francisco Thum ressaltou ainda que mudanças de unidade são comuns dentro da istração pública, mas que respeita os direitos dos trabalhadores.
O gestor argumentou também que tem a consciência tranquila sobre as acusações, mas que se disponibiliza para esclarecer a situação e, caso seja necessário, se afastará do cargo.
“Estou tranquilo. Cobro sempre muito trabalho, tanto é que o Idaf é reconhecido em nível nacional, houve um grande avanço na parte estrutural, chamamos mais servidores no concurso. Sempre tive o intuito de servir, de ajudar, de alavancar o Idaf, o estado, o agronegócio. Mas, a partir do momento que acharem que estou sendo um problema, me afasto com a consciência tranquila, que procurei fazer sempre o melhor”, finalizou.
Como identificar o assédio moral?
Assédio moral e assédio sexual: entenda como reconhecer agressões no ambiente de trabalho
O assédio moral é caracterizado por uma conduta que cause constrangimento e humilhação no ambiente de trabalho. É uma violência que produz danos à dignidade e à integridade, e que prejudica o ambiente de trabalho.
O primeiro o é perceber a relação com o trabalho. Identificar se o causador do estresse é o ambiente de trabalho, as pessoas ou colegas de trabalho ou a função em si.
Além disso, mudanças de comportamento podem demonstrar que a pessoa enfrenta o assédio moral. “Evitar usar um certo tipo de roupa para ir trabalhar, não se sentir à vontade no trabalho, começar a se podar”, diz a psicóloga.
Muitas vezes, a pessoa que está sofrendo com a situação tenta aliviar o lado do assediador sem agir em relação à situação. E muitos casos, a identificação do assédio moral ocorre por parte dos colegas.
Confira abaixo alguns exemplos de situações de assédio moral:
- Brincar sempre que vai demitir a pessoa
- Isolamento social da vítima
- Explodir sempre com a mesma pessoa
- Ficar tocando em outra pessoa sem consentimento dela
- Apelidos de tom pejorativo
- Não respeitar os pronomes corretos de pessoas transgêneras
- Usar expressões lgbtfóbicas, machistas, capacitistas e racistas
- Criticar o trabalho da pessoa e não oferecer um e ou ajuda
- Exigir tarefas que não são faladas em entrevista de emprego como um acúmulo de funções
- Gritos, insultos e humilhações públicas
- Propagação de boatos
- Recusa em se comunicar com a vítima
O assédio pode ocorrer por ações diretas (gritos, insultos) como também indiretas (propagação de boatos). Uma característica do assédio moral é que as agressões acontecem de maneira repetida e por tempo prolongado.
O assédio pode ocorrer por ações diretas (gritos, insultos) como também indiretas (propagação de boatos). Uma característica do assédio moral é que as agressões acontecem de maneira repetida e por tempo prolongado.
Ou seja: situações isoladas podem causar dano moral, mas não necessariamente configuram assédio moral.
Confira abaixo alguns canais para realizar a denúncia:
- Na própria empresa: área de recursos humanos ou compliance
- Sindicato da categoria: possuem estratégias para lidar com situações de hierarquia e de ações judiciais dentro do ambiente de trabalho
- Ministério Público do Trabalho (MPT)
- Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT)
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Homem é brutalmente espancado por trio na Baixada da Sobral e sofre fraturas nas costelas
Delcivan Araújo, de 37 anos, foi agredido com ripas, socos e chutes em plena luz do dia; polícia ainda não foi acionada
Delcivan S. de Araújo, de 37 anos, foi vítima de uma violenta agressão na manhã desta sexta-feira (23), na rua São Salvador, localizada no bairro Boa União, região da Baixada da Sobral, em Rio Branco.
Testemunhas relataram que Delcivan caminhava pela via pública quando foi abordado por três homens em bicicletas. Sem qualquer aviso, o trio iniciou uma sequência brutal de ataques, utilizando ripas de madeira, socos e chutes contra a vítima, que caiu ao solo gravemente ferida. Após a agressão, os criminosos fugiram do local e ainda não foram identificados.
Populares acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que enviou uma ambulância de e básico. Segundo o enfermeiro Geyson Oliveira, que participou do resgate, a vítima apresentava múltiplas escoriações, corte extenso na cabeça, indícios de traumatismo craniano encefálico (TCE) moderado, vários hematomas pelo corpo e possível fratura nas costelas.
Delcivan foi estabilizado ainda no local e encaminhado ao Pronto-Socorro de Rio Branco, onde permanece sob cuidados da equipe de traumatologia.
Apesar da gravidade do episódio, a Polícia Militar não foi acionada no momento da ocorrência. O caso poderá ser investigado pela Polícia Civil. A motivação do crime ainda é desconhecida.
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Foragido da Justiça é preso com arma de fogo após realizar disparos em via pública em Rio Branco
Homem com mandado por quebra de medida protetiva foi localizado escondido embaixo de uma cama no Conjunto Universitário 3
A Polícia Militar do Acre prendeu, na noite desta sexta-feira (23), um foragido da Justiça identificado como José Nazaré da Cruz Gonçalves, de 43 anos, após denúncias de que o homem estaria realizando disparos de arma de fogo em via pública, no Conjunto Universitário 3, em Rio Branco.
Segundo informações readas por meio do disque-denúncia 181, o suspeito estaria amedrontando moradores da região ao efetuar os tiros. A guarnição do 1º Batalhão foi acionada e se deslocou até a rua José Oliveira Maria, onde identificou o homem e confirmou, por meio do Banco Nacional de Mandados de Prisão, que havia uma ordem de prisão expedida contra ele pela 2ª Vara de Proteção à Mulher da Comarca de Rio Branco. O mandado refere-se ao crime de quebra de medida protetiva.
Ao notar a aproximação dos militares, José Nazaré tentou se esconder dentro de uma residência. Os policiais realizaram uma varredura no local e o encontraram escondido embaixo de uma cama. Durante a abordagem, também foi localizada uma arma de fogo artesanal calibre .22, com uma munição intacta.
Diante da confirmação do mandado judicial e da posse ilegal da arma, o suspeito recebeu voz de prisão e foi conduzido à Delegacia Central de Flagrantes (DEFLA), junto ao armamento apreendido, para os procedimentos legais cabíveis.
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Vereador mais votado de Manoel Urbano é preso por suspeita de estupro de vulnerável e perseguição
Piqueno Fortunato (PP) nega acusações após adolescente de 13 anos relatar abusos; prisão em flagrante foi decretada na delegacia

De acordo com o relato da vítima, ela é amiga de uma filha de Fortunato, e relatou que era perseguida e intimidada por ele. A situação evoluiu para a tentativa de estupro, segundo a vítima. Foto: internet
O vereador Vanderley Sabino Fortunato (PP), conhecido como Piqueno Fortunato, foi preso em flagrante na manhã desta sexta-feira (23), em Manoel Urbano (AC), sob suspeita de estupro de vulnerável, violência psicológica e perseguição contra uma adolescente de 13 anos. Ele foi o segundo mais votado nas últimas eleições municipais, com 507 votos (7,49% dos válidos).
Segundo a polícia, a vítima — amiga de uma das filhas do parlamentar — compareceu à delegacia na quinta-feira (22) acompanhada da mãe para denunciar os abusos. Ela relatou que era perseguida e intimidada por Fortunato e que, no dia anterior, ele teria tentado tocá-la à força em suas partes íntimas.
— Ontem, a situação ou do limite. Houve a tentativa, supostamente, de ele ar a mão na vítima e impedi-la à força — detalhou o delegado Thiago Parente, responsável pelo caso.
O vereador foi intimado, prestou depoimento e, ainda na delegacia, teve a prisão em flagrante decretada. Sua defesa afirmou que ele nega todas as acusações. O caso agora segue para as etapas processuais, enquanto a vítima recebe atendimento especializado.
A prisão chocou a cidade de Manoel Urbano, onde Fortunato tinha mandato ativo e era uma das principais figuras políticas locais. Crimes contra vulneráveis podem levar a penas de 8 a 15 anos de prisão, conforme o Código Penal.

A presidência da Câmara Municipal de Manoel Urbano informou que não vai se pronunciar sobre a prisão no momento. Foto: internet
O secretário geral do Progressistas no Acre, Lívio Veras, afirmou que o partido ainda está tomando conhecimento do caso. Já a presidência da Câmara Municipal de Manoel Urbano informou que não vai se pronunciar sobre a prisão no momento.
Ainda conforme a polícia, foi constatado que se tratava de flagrante, o delegado Parente determinou a prisão, e solicitou que Fortunato apresentasse advogado. Ele segue preso à espera de audiência de custódia.
Nota da defesa
“O indiciado é uma pessoa proba, de conduta ilibada e com pleno reconhecimento da cidade, e jamais praticou tal comportamento.
Portanto, a defesa está na tese de negativa de autoria, visto que os fatos são totalmente diferentes daqueles que foram narrados em sede policial.
Robson Aguiar de Souza
Advogado.”
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