Brasil
UEA: pesquisa identifica níveis altos de mercúrio em peixes do rio Madeira
Segundo o pesquisador, será construído um laboratório para análises detalhadas por contaminação de mercúrio dentro da UEA, que permitirá o conhecimento mais rápido dos resultados de amostras de peixes contaminados.

Balsas de exploração de ouro no Rio Madeira: pesquisadores identificam alta concentração de mercúrio em peixes (Imagem: Redes sociais/Divulgação)
A análise de 29 amostras de peixes colhidas entre os municípios de Humaitá e Manicoré, na Bacia do Rio Madeira, identificou níveis altos de mercúrio. A conclusão é preliminar, mas os pesquisadores do ProQAS-UEA (Programa de Monitoramento de Águas, Ar e Solos), da UEA (Universidade do Estado do Amazonas), alertam sobre efeitos nos humanos.
Segundo Sergio Duvoisin Junior, doutor em Engenharia Química e professor da UEA, nas amostras coletadas no Rio Madeira foi identificado um nível de mercúrio seis vezes maior do que o permitido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que é o limite de tolerância de 0,5 micrograma por grama do pescado.
Os pesquisadores encontraram em amostras de jaraqui e branquinha um nível de mercúrio que consideram preocupante. A apreensão também ocorre com os peixes forrageiros [que servem de alimentos para peixes maiores e aves].
“Das 29 amostras, 18 estavam contaminadas. Das 14 amostras de jaraqui, 11 estavam contaminadas com um alto nível de mercúrio. As amostras de jaraqui tinham o dobro do que é permitido. Agora que sabemos que há um problema, vamos fazer um esforço em cima dos pescados e vamos coletar mais amostras no ano que vem”, diz Sergio Duvoisin.
Para fazer um estudo mais detalhado, as amostras foram enviadas à Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, que é parceira do projeto. “Essa campanha ainda é um alerta e estamos tentando descobrir qual é a extensão desse problema. A ideia é continuar com os estudos para evitar problemas de saúde pública naquela região. O mercúrio é um contaminante acumulativo no corpo humano, ele não sai por meio das fezes, e tem um impacto ambiental que afeta toda a cadeia alimentar do pescado”, alerta o pesquisador.

Garimpeiros usam mercúrio no processo de lavra do ouro. Foto: MPF/Divulgação
Duvoisin disse que o monitoramento de mercúrio nas águas e nos peixes é recente e que outros tipos de metais foram encontrados nos rios anteriormente. “Não podemos afirmar que a população daquele lugar está contaminada por mercúrio, mas temos de alertar e prevenir para evitar futuros problemas de saúde. Não é um processo fácil, porque temos diante de nós um problema social que são os garimpos instalados naquela região. Temos que fazer um trabalho de conscientização e que a população entenda que a prática do garimpo está prejudicando uma cadeia alimentar e pode afetar à saúde humana”, complementa.
Peixe de viveiro
Ainda segundo Duvoisin, o consumo de peixe de viveiro na Bacia do Madeira vai depender da qualidade da água que é usada nos lagos da região. “Não é uma solução tão simples, precisamos estudar e continuar analisando. Mas, se a água usada nos viveiros é de rios contaminados, obviamente os peixes criados nessa água vão estar contaminados também. Então, vamos ter que fazer análises também na qualidade da água”, diz.
Em 2025, a equipe do projeto voltará à Bacia do Rio Madeira para novas coletas de amostras de água e peixes. “Realizamos a primeira campanha. A ideia é regular esse monitoramento dos peixes. Hoje estamos analisando o nível de mercúrio no Rio Madeira e queremos estender o estudo do projeto para outras calhas da Bacia Amazônica. Em abril do ano que vem estaremos de novo no Rio Madeira e em maio queremos entrar no Rio Solimões também”, diz.
Em 2025, o projeto pretende fazer análises nos pescados consumidos em Manaus e de procedência de outras regiões.
Laboratório próprio
Segundo o pesquisador, será construído um laboratório para análises detalhadas por contaminação de mercúrio dentro da UEA, que permitirá o conhecimento mais rápido dos resultados de amostras de peixes contaminados.

Os dados, referentes a 2022, mostram ainda que o bioma concentra 92% de toda a área garimpada no país, um total de 241 mil hectares (ha). Foto: divulgação
“Tivemos um projeto aprovado de aproximadamente R$ 14 milhões pelo Cnpq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para monitorar o Rio Madeira e vamos coletar mais amostras de peixes. A novidade é que as análises serão feitas em Manaus e teremos um resultado em dez dias. Quando enviamos para os Estados Unidos, temos de esperar 60 dias”, disse.
Contaminação
Em abril deste ano, um levantamento do MapBiomas revelou que 77% das áreas de garimpo na Amazônia brasileira estão a menos de 500 metros de algum curso d’água, como rios, lagos e igarapés. Os dados, referentes a 2022, mostram ainda que o bioma concentra 92% de toda a área garimpada no país, um total de 241 mil hectares (ha), ou seja, 186 mil ficavam a menos de meio quilômetro de cursos d’água.
Segundo o Ministério da Saúde, os grupos mais vulneráveis aos efeitos do mercúrio são:
- as pessoas que se alimentam, frequentemente, de peixe, particularmente mulheres em idade fértil e crianças;
- trabalhadores da mineração do ouro, garimpeiros e seus familiares;
- catadores expostos ao vapor de mercúrio;
- os trabalhadores de fábricas de cimento, de consultórios odontológicos em que se utiliza amálgama de mercúrio e de fábricas de cloro-álcalis;
- dentre outros.
Uma das estratégias para promover a qualidade de vida e reduzir, controlar ou eliminar os riscos à saúde de populações expostas ao mercúrio é o desenvolvimento de ações de vigilância em saúde das populações e o combate ao uso do mercúrio na natureza.
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Lula defende regulação de redes: “Tudo tem controle, menos os aplicativos”

Lula participa de agenda em Mato Grosso. — Foto: Ricardo Stuckert/ Presidência da República
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu neste sábado (24) a regulamentação das redes sociais, porque, na avaliação dele, “tudo tem controle, menos as empresas de aplicativo”.
O petista deu a declaração durante pronunciamento na cidade de Campo Verde (MT), onde lançou um programa voltado à agricultura familiar. Durante o discurso, o presidente mencionou o caso de uma menina que teria se suicidado após sofrer bullying na internet.
“Você sabe quantas ofensas, provocações você recebe. E é preciso que a gente discuta com o Congresso Nacional a responsabilidade da gente regular o uso das empresas, sabe, neste país. Não é possível que tudo tem controle, menos as empresas de aplicativos”, afirmou Lula.
O petista lembrou a sanção da lei que limitou o uso de celulares nas escolas com o objetivo de melhorar o desempenho dos estudantes, mas disse que ainda é necessário aprovar uma lei com regras para o funcionamento das plataformas digitais.
“Esses dias eu vi uma menina que se matou porque ela foi, acusada, quase que torturada pelos amiguinhos pela internet. Não era pessoalmente, não, era pela internet”, lamentou Lula.
O Senado já aprovou um projeto de regulamentação das redes sociais. Entretanto, o texto está parado na Câmara dos Deputados, onde sofre resistência de parlamentares da oposição.
Recentemente, durante visita à China, o presidente e a primeira-dama, Janja da Silva, trataram com Xi Jinping sobre a plataforma chinesa TikTok.
No encontro, quebrando o protocolo, Janja teria dito que o algoritmo da rede social favorece publicações de direita e que pode ser um difusor de ideias extremistas. A fala teria causado constrangimento na reunião, o que foi negado pela primeira-dama.
‘Voltar a fazer política’
Com queda na popularidade, Lula disse, durante o evento em Mato Grosso, que pretende viajar o país a partir de junho, porque quer “voltar a fazer política”.
Ele afirmou que vai realizar mais eventos com eleitores para evitar que a “mentira” e as “fake news” voltem ao poder no país.
‘Mauro, faz o L’, gritam apoiadores

Lula durante visita a sítio no assentamento Santo Antônio da Fartura, em Mato Grosso. — Foto: Ricardo Stuckert/ Presidência da República
Na cerimônia em Campo Verde, apoiadores de Lula gritaram “Mauro, faz o L” para o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil).
Em 2022, Mauro Mendes apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na campanha para a Presidência da República.
O governador aliado de Bolsonaro chegou a ser vaiado no evento deste sábado, quando defendeu os grandes produtores rurais mato-grossenses.
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Acre tem uma das menores adesões ao Pix no Norte, com apenas 60% da população usando o sistema
Dados de 2024 mostram que estado fica abaixo da média nacional (63%); Rondônia e Amapá ultraam 70%. Pix já é o meio de pagamento mais usado no Brasil, com R$ 26,5 trilhões em transações no ano

Além do Pix, os meios de pagamento mais utilizados pelos brasileiros são o cartão de débito (69%), dinheiro em espécie (68%), cartão de crédito (51%) e débito automático (32%). Foto: cedida
Com BB
O Pix, sistema de pagamento instantâneo do Banco Central, já é utilizado por 60% da população do Acre, segundo dados de 2024 divulgados pela FGV e pelo BC e compilados pelo perfil Brasil em Mapas na quinta-feira (22). O número coloca o estado entre os de menor adesão na Região Norte, ficando abaixo da média nacional (63%) e atrás de vizinhos como Rondônia (70%) e Amapá (71%).
Lançado em 2020, o Pix se consolidou como o principal meio de pagamento do país. Este ano, foram registradas 63,8 bilhões de transações, movimentando R$ 26,5 trilhões – um crescimento de 54%em relação a 2023.
Além do Pix, os brasileiros ainda usam com frequência cartão de débito (69%), dinheiro em espécie (68%), cartão de crédito (51%) e débito automático (32%). O Distrito Federal lidera a adoção do sistema, com 79% da população utilizando o serviço, enquanto o Piauí tem o menor índice: apenas 56%.
O levantamento reforça a expansão do Pix, mas também revela desigualdades regionais na adoção da tecnologia financeira no país.
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Brasil
Dois homens são presos no AM por torturar mulher em “tribunal do crime” por dívida de R$ 3
Vítima de 47 anos foi submetida a 10 pauladas em cada membro do corpo após supostamente dever valor residual de compra de drogas; polícia investiga caso

O delegado John Castilho (DPl) de Manacapuru (AM), embora a mulher tivesse uma dívida maior e já tivesse pagado parte do valor, ainda restavam R$ 3. Foto: cedida
Dois homens foram presos pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) acusados de torturar uma mulher de 47 anos como punição em um suposto “tribunal do crime”. O motivo? Uma dívida de apenas R$ 3, valor residual de uma compra de drogas.
De acordo com as investigações, a vítima já havia quitado parte da dívida, mas os suspeitos decidiram submetê-la a uma sessão de tortura, determinando que ela recebesse 10 pauladas em cada membro do corpo. O delegado John Castilho, do Departamento de Polícia do Interior (DPI) de Manacapuru (AM), afirmou que o caso expõe a brutalidade da justiça paralela no crime organizado.
Os acusados foram detidos e responderão por cárcere privado, tortura e possível associação ao tráfico. A polícia segue apurando se a vítima sofria ameaças anteriores.
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